19 agosto, 2006

Patrimônio de deputados estaduais de SP sobe 40%

Agência Folha (JOÃO CARLOS MAGALHÃES/THIAGO REIS)

Os deputados estaduais de São Paulo que concorrem a cargos eletivos neste ano tiveram, em média, uma evolução patrimonial de 40% nos últimos quatro anos. Os bens declarados somam R$ 90,6 milhões --um aumento de R$ 25,9 milhões em relação a 2002. Os dados constam das declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral em cada pleito. A inflação acumulada de janeiro de 2003 a julho deste ano foi de 26%, segundo o IPCA. O levantamento da Folha levou em conta os dados de 79 dos 94 deputados da Casa, já que nas declarações de 13 parlamentares há inconsistências. Só uma deputada, Maria Almeida Dantas (PRB), não é candidata neste ano. Paschoal Thomeu (PTB) morreu na semana passada.

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV-SP, a variação patrimonial de 40% é "no mínimo estranha". O salário de um deputado é de R$ 11.885. "Os salários não justificam os ganhos de maneira nenhuma", disse Teixeira.

Entre os que tiveram a maior variação de patrimônio está Geraldo Tenuta Filho (PFL), o Bispo Gê, que hoje disputa o cargo de deputado federal. De R$ 288 mil declarados em 2002, o parlamentar passou para R$ 1 milhão neste ano --variação de 249%. A Folha tentou contatar Bispo Gê por três dias. Não houve retorno.

O campeão na variação é o deputado Gilberto Lourenço Marson (PV), empresário. Seu patrimônio, de R$ 514 mil em 2002, está em R$ 4,7 milhões (variação de 832%). Marson diz que não adquiriu bens: "A última propriedade que comprei foi em 1992. O que eu fiz foi corrigir os valores que constavam do Imposto de Renda".

De 92 deputados que tentam a Assembléia ou a Câmara, 21 têm mais de R$ 1 milhão. Oito ficaram milionários após a entrega da declaração em 2002: Giba Marson (PV), Rodolfo Costa e Silva (PSDB), Baleia Rossi (PMDB), Roberto Engler (PSDB), Pedro Tobias (PSDB), Eli Corrêa Filho (PFL), Arnaldo Jardim (PPS) e Bispo Gê (PFL). O mais rico é Salim Curiati (PP), com R$ 19 milhões.

A bancada do PT na Assembléia foi a que teve a maior variação patrimonial: 91,7%. O patrimônio dos petistas passou de R$ 2,6 milhões, em 2002, para R$ 5,1 milhões, em 2006.

O PSDB teve 48,4% de aumento: os 22 tucanos tinham R$ 11,9 milhões e hoje declaram ter R$ 17,7 milhões.

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