28 agosto, 2006

Discurso de Cícero, tribuno romano, 42 a.C.

"Uma nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos. Mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesma. Um inimigo exterior não é tão perigoso, porque é conhecido e carrega suas bandeiras abertamente. Mas o traidor se move livremente dentro do governo, seus melífluos sussurros são ouvidos entre todos e ecoam no próprio vestíbulo do Estado.
E esse traidor não parece ser um traidor; ele fala com familiaridade a suas vítimas, usa sua face e suas roupas e apela aos sentimentos que se alojam no coração de todas as pessoas. Ele arruína as raízes da sociedade; ele trabalha em segredo e oculto na noite para demolir as fundações da nação; ele infecta o corpo político a tal ponto que este sucumbe".

Marco Túlio Cícero:
Cícero nasceu numa antiga família do Lácio, a quem tinha sido dada a cidadania romana somente em 188 a.C. O pai proporcionou aos dois filhos, Marco, o mais velho, e Quinto, uma educação muito completa, sendo Marco Túlio entregue aos cuidados do célebre senador e jurista romano Múcio Cévola. Viveu num período especialmente turbulento da história de Roma.
Cícero é, com Demóstenes, o melhor expoente da oratória clássica. Pela sua voz, postura, gênio, paixão e capacidade de improvisação está dotado para o exercício da eloquência. São famosos os seus discursos contra Verres, em prol da Lei Manilia, contra Catilina, em favor de Milão e de Marcelo e contra Marco António. É autor de diversos tratados filosóficos sobre o Estado, o bem, o conhecimento, a velhice, o dever, a amizade, etc., que transmitem a tradição do pensamento grego.
Até nós chegam quase um milhar de cartas de Cícero sobre temas variados que constituem um valioso conjunto documental. Cícero desenvolve a prosa latina até a levar à sua perfeição, do mesmo modo que Virgílio e Horácio o fazem com a poesia.

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