26 julho, 2006

Direção da Audi admite que errou ao construir uma fábrica no Brasil

A poucos dias do fim da produção do A3 no Brasil, a direção da Audi na Alemanha admite ter errado na avaliação de que poderia produzir automóveis no país.
"Em 1996 e 1997 todos queriam ir para o Brasil, mas o mercado não se desenvolveu como esperávamos. Pode ter ocorrido um erro nosso de avaliação", diz o gerente de venda da Audi para o Brasil e América do Sul, Peter Englschall.
A empresa, que pertence ao grupo Volkswagen, confirma que vai encerrar em agosto a produção do modelo A3 na fábrica de São José dos Pinhais (PR). O executivo lembra que, na época da construção da fábrica, havia uma paridade entre real e dólar. "Isso mudou e por isso aumentamos os preços e não conseguimos atingir o volume esperado", diz.
Segundo ele, uma fábrica precisa atingir a capacidade de 50 mil a 70 mil unidades por ano para que a produção local seja rentável não só para a montadora, mas também para os fornecedores. "Nesse segmento de preços não dá para vender mais de 50 mil unidades no Brasil", completa. Quando começou a produzir no Brasil, a Audi tinha planos de atingir um volume entre 20 mil e 30 mil unidades por ano, segundo Englschall. O melhor desempenho foi em 2001, com 12,5 mil veículos.
Em 2007, quando se limitará à venda de modelos importados, a Audi prevê chegar a algo entre 1,5 mil a 2 mil veículos no Brasil. A Audi não está sozinha no erro de cálculo. A também alemã Mercedes-Benz, uma marca do grupo DaimlerChrysler, ergueu uma fábrica em Juiz de Fora (MG) para produzir o Classe A, um compacto da mesma faixa de mercado do A3. O projeto também foi abandonado quando a empresa percebeu que não conseguiria vender o volume calculado. Englschall não fala em prejuízos. Ele diz que a operação no Paraná é rentável. O A3 é produzido numa fábrica compartilhada com a Volkswagen e onde a empresa alemã concentra a produção do Fox. No entanto, o quadro de funcionários nessa fábrica tem diminuído e a empresa se prepara para demitir ainda mais dentro de um programa de reestruturação que atingirá as três fábricas de carros da Volks no Brasil.
Com os importados, a Audi se prepara para trazer as últimas novidades na Europa. O próximo lançamento, o A3 SportBack - mais nova geração do A3 na Europa na versão esportiva - chegará ao Brasil em setembro. Segundo Englschall, nos próximos seis meses serão lançados oito modelos no país.

Um comentário:

Anônimo disse...

Quem se deu bem nesse negócio (além do governo que comeu alguns milhões em impostos)? O finado Senna que trouxe a fabrica para o Brasil e abocanhou uma bela comissão, n'est ce pas?