07 março, 2007

A UPS e o Mundo Plano

O que é que aqueles caras de bermudão marrom andam fazendo ?

"Uma das coisas de que mais gostei nas minhas pesquisas para escrever O Mundo é Plano foi descobrir um monte de coisas que estão acontecendo no mundo à minha volta, sem que eu tivesse idéia... Sim, aqueles caras de bermudão marrom, que andam nuns caminhões esquisitos. Pois acontece que, durante o meu cochilo, a velha e insossa UPS tornou-se um fator pujante de nivelamneto do mundo".
A UPS não se limitava mais a entregar pacotes. A sua proposta era agora pôr em sincronia as cadeias globais de fornecimento das pequenas ou grandes empresas. E numa visita feita à empresa, Friedman conclui que a empresa fundada em Seattle em 1907 como serviço de mensageiro é hoje uma dinâmica gerente de cadeias de fornecimento.
Com o achatamento do mundo, os pequenos passaram a poder pensar grande, isto é, as pequenas empresas adquiriram uma visão global. Muitas porém não sabiam executar tais idéias ou não tinham meios de gerenciar, por conta própria, uma cadeia de fornecimento complexa e global. Surge então uma nova oportunidade global de negócios para empresas tradicionais de remessa de pacotes como a UPS.
A UPS está em várias empresas e assumindo os veículos com a sua marca para garantir a pontualidade das entregas. Compras on-line são enviadas diretamente para a UPS que nos seus depósitos "recebe, confere, embala e entrega o pedido". Hoje há organizações que sequer tocam em seus produtos. A UPS supervisiona todo o trajeto, da fábrica ao armazenamento, deste ao cliente, do cliente à assistência técnica - e cuida até da cobrança se for preciso.
Alguns anos atrás a Toshiba teve problemas de imagem com a demora da entrega de equipamentos defeituosos a serem consertados pela assistência técnica. Então a UPS desenvolveu o seguinte processo: pegar o equipamento, consertá-lo e enviá-lo de volta para o cliente. Os técnicos da UPS são todos certificados pela Toshiba; as reclamações dos clientes despencaram.
"Durante anos a danação da maioria das revendas Ford eram os meandros labirínticos que os carros tinham de percorrer para chegar da fábrica as concessionárias", observou a revista Business Week em sua edição de 19/07/2004. "Os automóveis podiam demorar até um mês para chegar - quer dizer, isso quando não se perdiam pelo caminho. A Ford Motor Co. não era capaz sequer de informar que modelos estavam a caminho, ou o que havia em estoque no pátio ferroviário mais próximo. "Perdíamos o controle daqueles trens lotados de carros", recorda Jerry Reynolds, proprietário da Prestige Ford, Garland, Texas. "Era uma loucura." Mas depois que a UPS entrou na jogada, "seus engenheiros reconfiguraram toda a rede de distribuição da Ford da América do Norte e simplificaram tudo, do trajeto percorrido pelos carros depois de deixarem a fábrica até seu processamento nos centros regionais de distribuição" - processo que compreendeu a adoção de etiquetas de códigos de barra afixadas aos pára-brisas dos 4 milhões de veículos que saem das linhas de montagem da Ford nos EUA, de modo que pudessem ser rastreados como qualquer outro pacote. O resultado ? A UPS cortou em cerca de 40% o tempo em que os automóveis levavam para chegar aos estacionamentos das concessionárias - que hoje é, em média, de dez dias. Diz a Business Week : "Com isso a Ford pôde economizar milhões em capital de giro por ano, e ficou fácil para as suas 6.500 mil revendas monitorar os modelos de maior demanda (...). 'Foi a transformação mais radical que eu já vi', maravilha-se Reynolds. 'A última coisa que eu perguntei ao pessoal da UPS foi se eles não conseguiriam peças de reposição para a gente desse jeito.'"

Fonte: O Mundo é Plano - Uma Breve História do Século XXI, Thomas L. Friedman

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